Show dia 26/07 - Tabuleiro
Os Grandes Mestres Bateristas da Música de Minas
Homenageados com o prêmio Carlos Brandão

Esdra Ferreira – Neném

Esdra Expedito Ferreira, mais conhecido como “Neném“ começou a tocar aos 5 anos de idade. O contato com a música popular o levou aos 16 anos a tocar em bailes e bares. O primeiro contato com compositores aconteceu através do Arca de Noé. Neném se destacou se apresentando com o grupo Vera Cruz. Depois de tocar com quase todos os músicos locais, foi convidado para juntar-se a Milton Nascimento. Apresentou-se, também, com Nana Caymmi, Simone, Flavio Venturini, Beto Guedes, Chico Buarque, Gal Costa, com o tecladista Lyle Mays, com o guitarrista Pat Metheny, Gary Peacock, Manolo Badrena, Annie Haslam, participou de tournées pela Europa e Ásia com Toninho Horta, gravou e atuou com grandes músicos como Juarez Moreira, Marku Ribas, Geraldo Vianna.
Vencedor do BDMG Instrumental 2006, Vencedor do BDMG instrumental como melhor músico 2004, Vencedor do Grammy melhor álbum, participando da banda: Toninho Horta e Orquestra Fantasma 2020, apresentou-se e recebeu homenagem no Duo Jazz Tiradentes 2020, também recebeu homenagens no BDMG cultural em 2022 com Jamba Trio.
Destaque para os álbuns Suíte Para Os Orixás gravado em parceria com Mauro Rodrigues (2006), e Coração Tambor (2012), que contou com a participação do Clube da Esquina, Baixista Arthur Maia, Dominguinhos. Sua forma de se expressar na bateria, rendeu-lhe uma tese de doutorado defendida na UFMG pelo Dr. André Limão Queiroz.
Ao longo de sua carreira, Neném também atuou como professor em aulas particulares, workshops e no 38º Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais (ministrou curso sobre técnica instrumental e criação musical a partir das matrizes de ritmo da música popular brasileira). Recebeu homenagem de Toninho Horta em comemoração ao Dia do Jazz, celebrado em Belo Horizonte no dia 30 de abril. Homenageado em 2021 na 21° edição do BDMG instrumental. Atualmente se dedica a sua carreira solo, além de representar Minas Gerais em diversos festivais nacionais e internacionais.
Laércio Vilar

Artista, compositor, músico e instrumentista nascido em Belo Horizonte. Considerado um dos grandes nomes da bateria e um dos precursores de Free-Jazz em Minas Gerais e no Brasil.
Sua originalidade e saberes adquiridos em toda sua trajetória na cena musical, trouxeram a ele o título de Mestre baterista. Com mais de 50 anos de uma carreira repleta de importantes trabalhos, apresentações, parcerias com grandes nomes da música e participações artísticas em Minas e no Brasil, além de muita resistência de quem atravessou diversos períodos históricos e da construção de um cenário da música nacional e da arte, debatendo ativamente os rumos do pensamento acerca da forma de produção musical no estado. Por tudo isso e mais, Laércio é uma referência do gênero e um dos mais antigos bateristas ainda em atividade da música mineira e do jazz nacional.
Com uma irreverência característica para composição e execução, buscava trazer a ideia de uma música livre, sem a obrigatoriedade de “amarras” com arranjos prontos e melodias ensaiadas absolutamente fechadas, a posição do artista perpassada pelas vivências sempre foi no sentido de defender o lugar da música como espaço do sentimento e expressão genuína do momento, onde se “alinham as frequências”. Além disso, Laércio sempre apoiou a autonomia dos sujeitos como atores igualmente pertencentes ao espaço de interação e construção do processo criativo, a fim de tocarem a sua liberdade. Nesse ponto, o baterista desafiou e abalou significativamente o cenário da música/arte local e seu debate sobre as possibilidades de como fazer música, trazendo por exemplo a bateria para o centro do palco, demonstrando assim que o instrumento poderia alcançar um espaço de destaque igualmente aos demais na banda e exercendo muito além de uma função de base rítmica, foi polêmica e vista muitas vezes como além do seu tempo. Tudo isso, sempre com muita ousadia e alegria.
Dentre algumas obras ao vivo e muitas composições em conjunto entre diversas parcerias, o seu primeiro trabalho solo registrado e produzido em estúdio somente no fim dos anos 00’ e lançada em 2010, a obra intitulada “Carnaval Atmosférico”, constituem a sua jornada e todos os caminhos percussivos do mestre Laércio Vilar: a retratação de um símbolo da arte, música e cultura negra de Minas e toda a sua imensa força na luta pelo espaço e reconhecimento da sua obra e da música livre.
Nenê
Natural de Porto Alegre, Nenê mudou-se para São Paulo em 1966, e logo entrou para o histórico Quarteto Novo. Em seguida, tocou com Elis Regina no disco “Falso Brilhante”, com Milton Nascimento em seu “Clube da Esquina 2”, e com Hermeto Pascoal em seus discos “Zabumbê-Bum-A”, “Ao Vivo em Montreux”, participando também do Festival Live Under The Sky (Japão).
Em 1980, entrou para o grupo de Egberto Gismonti, atuando nas turnês mundiais dos discos “Em Família” e “Sanfona”. Em 1982, muda-se para Paris. Lança o primeiro disco da carreira solo, “Bugre”, considerado pela critica francesa um dos 10 melhores lançamentos do ano. Continua atuando com Egberto Gismonti e com jazzistas como Kenny Wheeler, Charlie Haden e Steve Lacy, entre outros. Retorna ao Brasil em 1995. Após liderar grupos em formações diferentes, começa sua carreira solo no Brasil montando o grupo Nenê Trio em 2001, com o qual segue desenvolvendo um trabalho em paralelo ao Nenê Kinteto.

Pascoal Meirelles

Reconhecido como um dos grandes nomes da percussão brasileira, celebra 80 anos de idade e os 60 anos de carreira. Graduado em composição, arranjos e regência pela Berklee College of Music-Boston e Mestre em ritmos afro-brasileiros pela UFRJ, Meirelles ajudou a desenvolver a bateria musical brasileira.
“A música brasileira é uma mistura tão peculiar, que até quando ela importa um determinado gênero, como o caso do jazz, ela se transforma em algo único. Também chamado de música instrumental brasileira, o nosso jazz é um ótimo exemplo da criatividade e talento dos nossos artistas, que fazem caber dentro de um único estilo, todos os ritmos como o samba, o maracatu, o frevo e muitos mais”, completa o músico.
Apesar de ser mais conhecido como baterista, um dos instrumentos que Pascoal Meirelles mais gosta para se expressar é o piano. É com ele que compõe suas canções, as quais toca – já de volta às baquetas – “O piano lida com a harmonia e é um pouco percussivo também.
É com ele que faço as canções”, diz o músico. Pascoal tem background suficiente para transitar por todos esses lados. A lista de cantores e músicos com os quais dividiu palco e disco é enorme: Gonzaguinha, Hélio Delmiro, Maysa, Wagner Tiso, Chico Buarque, Edu Lobo, Ella Fitzgerald, Michel Legrand, Stevie Wonder, Luís Bonfá, Elis Regina, Tom Jobim (com quem gravou o histórico disco Terra Brasilis, de 1977), Ivan Lins. Em carreira solo já produziu 18 CDs autorais. Ganhou indicações aos prêmios Sharp como melhor arranjador e o Tim como melhor disco por Tributo a Art Blakey. Ao mesmo tempo que gravava seus discos solo, fundou com o soprista Mauro Senise o grupo Cama de Gato, com 40 anos de carreira em atividade.
Na parte educacional é professor convidado para lecionar não somente bateria como MPB nas melhores Universidades do Brasil e do Mundo. Foi chefe de departamento de percussão da Berklee College of Music -Ecuador/Network. Lançou também em DVD a peça escrita por ele para três baterias denominada TRIUNVIRATO e ainda dois livros didáticos pela editora Irmãos Vitalle denominados “A Bateria Musical” e “As Baquetas”.
Paulo Braga

Paulo Braga é uma figura seminal na bateria brasileira, reconhecido como um inovador e “pai da bateria moderna brasileira”, por ter introduzido as influências das escolas de samba na técnica. Sua carreira abrange mais de três décadas de colaborações com as maiores lendas da música nacional e internacional, consolidando-o como um dos bateristas mais importantes de sua geração.
Nascido em Guarani, Minas Gerais, Braga construiu sua base no Rio de Janeiro, onde por quinze anos foi o baterista de Antônio Carlos Jobim, gravando e excursionando extensivamente com o maestro. Sua discografia nacional é vasta e inclui álbuns icônicos como “Bala com Bala” e “Elis Regina e Tom” de Elis Regina, “Milagre dos Peixes” de Milton Nascimento, além de trabalhos com Ivan Lins, Djavan, e o primeiro álbum de Tim Maia, marcando presença em grandes clássicos da MPB.
Em 1995, Paulo Braga mudou-se para Nova York, expandindo sua influência para a cena internacional de Jazz e Pop. Lá, colaborou por dois anos com o renomado saxofonista Joe Henderson, gravando os aclamados “Double Rainbow” e “Joe Henderson Big Band”. Em Nova York, teve encontros musicais com nomes como Pat Metheny (que o citou como um de seus bateristas favoritos), David Sanborn, Michael Brecker e fez parte da “All Star Band” do Telonious Monk Institute of Jazz. Ele também gravou com artistas como Eliane Elias (com quem recebeu indicações ao Grammy), Paquito De Rivera, John Pizzarelli e Yo-Yo Ma, conquistando um Grammy em 2004 com o álbum “Obrigado Brasil”.
Em 2003, lançou seu primeiro CD solo, “Grooveland”, com composições próprias. Desde 2005, divide-se entre Brasil e Nova York, dedicando-se intensamente ao Jobim Trio (com Paulo Jobim e Daniel Jobim), com quem lançou o premiado CD “Novas Bossas” em 2008, eleito o melhor CD de MPB no “Prêmio da Música Brasileira” em 2009.
Sua relevância continua evidente através de participações em projetos recentes com artistas como Caetano Veloso, Roberto Carlos, Mart’nália, Maria Rita (inclusive no Rock In Rio), e turnês internacionais. A habilidade de Paulo Braga de transitar entre a sofisticação da MPB e a complexidade do jazz, aliada à sua visão inovadora, o posiciona como um dos pilares da bateria brasileira e uma referência global.
Robertinho Silva

Robertinho Silva nasceu Roberto da Silva, no dia primeiro de junho de 1941 em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, o bairro era praticamente uma zona rural. Autodidata, aos quatro anos já batucava os ritmos com as panelas e frigideiras de sua saudosa mãe, dona Justina.
Em 1964, depois de ter tocado nas boates do Centro da cidade, Robertinho foi levado para trabalhar com Cauby Peixoto na Boate Drinks no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro. Ali conheceu o seu grande amigo Wagner Tiso, recém-chegado de Belo Horizonte.
No final dos anos 1960, integrou a banda Som Imaginário, que tinha Wagner Tiso, Luiz Alves, Frederyko, Zé Rodrix, Tavito e Naná Vasconcelos, e que foi criada para acompanhar Milton Nascimento na sua estreia no Rio de Janeiro no teatro Opinião. A estreia da banda seria no álbum de 1970 do cantor Milton Nascimento (Odeon), que levou depois, a gravarem o álbum autointitulado Som Imaginário naquele mesmo ano, o primeiro de três álbuns clássicos do psicodelismo e rock progressivo brasileiro.
Em 1972, Robertinho Silva participa da gravação do antológico disco “Clube da Esquina” de Milton Nascimento e Lô Borges, reconhecido internacionalmente hoje, como um dos dez maiores discos da história da música mundial.
No lendário disco ‘‘NATIVE DANCER’’, de 1974, que junta Wayne Shorter e Milton Nascimento, Airto é o percussionista e Robertinho o baterista. “Airto é meu ídolo”. Gravei um disco com ele chamado Identity. Gravado em 1975, ‘‘IDENTIFY’’ tem músicos como Herbie Hancock, Raul de Souza e Egberto Gismonti.
Robertinho Silva também fez parte dos grupos Alquimia e Triângulo, este com Luís Eça (piano) e Luís Alves (contrabaixo).
Participou de dezenas de festivais de música pelo mundo, Berlim, JVC New York, Midem,
Montreaux e Free Jazz Festival foram alguns desses. Acompanhou Milton Nascimento por 26 anos na bateria. Com João Donato foram mais de 40 anos, o que o levou a ser premiado com um Grammy Latino.
Em mais de sete décadas de profissão, o percussionista, baterista e compositor Robertinho Silva tocou e gravou com Airto Moreira, Bud Shank, Caetano Veloso, Chico Buarque, Dori Caymmi, Egberto Gismonti, Flora Purim, Gal Costa, George Benson, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Herbie Hancock, Hermeto Pascoal, Ivan Lins, João Bosco, João Donato, Lee Morgan, Nana Caymmi, Pat Metheny, Raul de Souza, Sarah Vaughan, Tim Maia, Tom Jobim, Toninho Horta, Wagner Tiso, Wayne Shorter, e mais uma centena de outros artistas.
Atualmente, Robertinho Silva continua a ter um lugar especial dentro do cenário musical
brasileiro, equilibrando seus interesses entre o jazz, a MPB e a pesquisa dos ritmos brasileiros através de shows e workshops. Seu projeto mais recente é o novo Centro de Percussão Alternativa, a ser inaugurado em breve.